Deluxe @Marseille & Mexefest



Nestas útlimas duas semanas estive em constante conexão com a música. Fui até Marselha para ver os Deluxe e este fim de semana andei a consumir concertos à bruta no Vodafone Mexefest.



Comecemos por França , uma semana após os trágicos atentados de Paris, com o bilhete de avião e do concerto comprados à meses, reciei a viagem e a realização do concerto. Mas a vida tem de continuar e a vontade de ver uma das minhas bandas favoritas, aliada a uma visita relampago a uma cidade bonita (pelo menos no Google!) e com a melhor companhia possível, superou o medo. Era a última data da Tour dos Deluxe em França, a expectativa estava lá em cima e era a primeira vez que fui um groupie, e a minha namorada idem tongue emoticon Sala, de nome Le Moulin nos arredores de Marselha, completamente cheia, com uma acustica impecavel e com público de todas as idades. As luzes apagam-se e começa uma fanfarra no meio do público a tocar clássicos do rock, estrategicamente para a banda principal pudesse dar os ultimos retoques no palco sem ninguem dar por nada. Bandu du Rock, entreteu mas não foram suficientes para gastarmos as nossas energias.
 Depois entrou então em palco a banda francesa Deluxe. Liderada pela crazy (!!) LiliBoy, deram um show incrível. Tocaram todos os seus clássicos (My game, Daniel, Superman, Shoes, Tall Ground, Pony e Mr. Chicken são alguns exemplos) e com arranjos deliciosos e totalmente adequados para um concerto. Se numas músicas vinha lá de trás disparado o saxofone para uns solos tão malucos como a sua presença em palco, noutras era o baterista que virava DJ e soltava a faixa em drum'n'bass levando a crowd ao rubro. Cada elemento sabe bem a sua posição, coreografias para entreter, musicas tocadas na perfeição, encheu as medidas de qualquer um que goste de musica. Para além disso soltaram 3 músicas do novo album, todas elas boas à primeira "vista". Sem dúvida que valeu bem a pena, sem dúvida que em Portugal fazem falta bandas assim, que consigam agarrar vários estilos e que toquem e cantem com alegria, com energia e que consequentemente quem os ouve e sente, acaba por ir no mesmo mood. No final ainda conseguimos estar com toda a banda no backstage, onde pudemos trocar dois dedos de conversa. Ficámos com a sensação que eles não têm noção que em Portugal já existe muita gente que os conhece. Perguntámos ainda o porque de nunca terem vindo a Portugal. A resposta foi simples, "já tentámos várias vezes, pagam mal e nós temos uma estrutura grande da qual não abdicamos".

 





---- Dia 1 - Vodafone Mexefest ----

 No fim-de-semana seguinte fui ate à Capital, para o meu primeiro Mexefest. A Avenida da Liberdade transformou-se na avenida mais musical do país, abriu espaços desconhecidos, deu a conhecer bandas , criou conceitos e ambientes. Comecei esta aventura musical às escuras. Uma das novas iniciativas do Vodafone Mexefest deste ano era a Black Room. Concertos de aproximadamente 15 minutos, completamente às escuras, onde o desafio era sentir a música na sua essência mais pura: ao vivo e sem distracções visuais. Em todo o cartaz acho que não havia ninguém melhor para inaugurar este espaço. Akua Naru e a sua banda entram tímidos, pois até para eles esta seria a primeira experiência do género que tinham. O desafio foi aceite pela plateia que enchia a pequena Sala do São Jorge e a sala ficou literalmente às escuras. Depois foi só deixar ir pelos primeiros acordes e pelo Soul, pelo Jazz, pelo Hip Hop e pela "spoken word" de Akua Naru. Não podia começar melhor.

Depois de uma rápida passagem pelo concerto dos Galgo, vencedores do Concurso de bandas Mexefest, que tocam um rock psicadélico bem energético, volto a encontrar Akua Naru. Desta vez para um concerto de mais de 1 hora. Enérgica, mistura o Jazz e o Hip Hop como poucos o fazem e, sempre com uma ou duas palavras entre músicas, alertando para a falta de justiça e igualdade no mundo. Acompanhada por um coro de 3 elementos que a apoiam e dão um grande acréscimo a todas as suas músicas, faltaram alguns clássicos no reportório escolhido. O palco do Rossio, apesar do fabuloso pano de fundo com o Castelo de São Jorge, tinha muito má acústica e esta banda merecia um local melhor. Era talvez o concerto que mais queria ver e no final ficou um pouco aquém.

Já era do conhecimento de todos que o americano Roots Manuva, um dos cabeças de cartaz deste ano, estava doente e tinha cancelado o concerto. Fomos então até ao Tanque, uma antiga piscina que virou sala de espectáculos. Completamente ao desconhecido, encontrámos uma brasileira de cabelo cor-de-rosa e soltar palavras de ordem e um bass poderoso. Era Karol Conka, uma das MC's mais conceituadas do "Funk da Favela". Se bem que este estilo é um pouco repetitivo, até que foi uma boa surpresa. Ela tem power e conseguiu transmitir esse power para a plateia.

Era hora de ir para o espectáculo da noite, o melhor concerto do Mexefest deste ano e talvez um dos melhores que alguma vez tive oportunidade de ver. Coliseu ao barrote para ouvir Benjamin Clementine. Canta como ninguém, ou melhor, canta que nem a Nina Simone. É um génio do piano e interage o mínimo com o público. Mas também não precisa. A maneira como toca e canta é a forma ideal de nos falar. Acompanhado apenas por um baterista que complementa de uma forma genial as músicas, acabam os dois rendidos ao Coliseu, e nós rendidos a eles. Simplesmente sublime.

 



 ---- Dia 2 - Vodafone Mexefest -----

 Com algumas horas em pé gastas na feira do Vinil que decorria nesse mesmo dia na Taberna das Almas, a expectativa deste dia do Mexefest quase não existia. De tudo o que tinha planeado ver, apenas conhecia Da Chick e nunca a tinha visto ao vivo. Tal como na sexta, começámos a jornada de concertos na Black Room, desta vez para ouvir o português Benjamin. Não conhecia, mas não gostei muito.
 As luzes acendem-se e vamos a correr para a próximo, era a vez de conhecermos uma nova Sala e novas músicas. Castello Branco, Brasileiro de apenas 28 anos, cantou e encantou num cenário que só por si fazia a diferença. A Sociedade de Geografia de Lisboa tem uma sala brutal, umas escadarias entrelaçadas que com a junção das luzes deram um outro encanto ao concerto. Intimista, Castello Branco apenas se fez acompanhar de um guitarrista e de pequenos arranjos já gravados num computador. Aconselho vivamente a explorarem as músicas e as letras dele.

 Com os batimentos cardíacos bem calmos, era altura de ir para o Tanque dançar com a portuguesa Da Chick. Puxou all in a miúda! Fez-se acompanhar com a dupla habitual de dançarinos, com os Bizu, com o guitarrista Cut Slack e o DJ e rapper Mike el Nite. Deu um show do caraças, não faltou nenhum hit clássico (e ela já tem alguns) e acabou o concerto com a participação de Moullinex no baixo.

 Saída a correr do Tanque esgotado a caminho do Rossio para ouvir o tuaregue Bombino, conhecido de muitos mas um desconhecido para mim. Cheguei e já estavam a tocar num recinto muito bem composto. Improvisos de guitarras, músicas inacabáveis, recheadas de energia, fizeram a delícia dos que assistiam. Impressionante o ritmo inquebrável dos seus sons. Quando toda gente pensava que ia soar aquele batuque final, vinham mais 2 minutos de ritmos ainda mais acelerados. Para além disso, foi o único concerto que assisti e que teve encore.

 Com as pernas finalmente a cederem, o plano acabava no Palácio da Foz para ouvir o americano Seven Days Jr. Sobre o espaço, acho que as fotos e vídeo que coloco falam por si. O concerto, enfim. Até podem existir limitações uma vez que o espaço é delicado e é feito por materiais sensíveis e frágeis, mas o que assistimos foi ao desrespeito total pelo artista e pelo público que se deslocou ao Palácio da Foz àquela hora. O som só saía de um lado do palco, o microfone fazia um feedback terrível e após a contestação e pedido de ajuda do próprio artista, a organização/pessoal do som, ficaram impávidos e serenos sem nada fazer. Senti vergonha alheia e vim embora, pois não queria ficar ainda com pior imagem do que estava a acontecer, num espaço brutal e ainda por cima depois de dois dias de excelentes concertos e performances. Problemas acontecem sempre e a todos, agora a diferença faz-se na resposta aos mesmos. Festival: conceito fenomenal, oportunidade para visitar espaços que estão quase sempre fechados, de ver e descobrir artistas. Melhorias: Vodafone é o main sponsor e nem Wi-Fi disponibilizam. Problemas de som em vários locais, inadmissíveis num festival desta magnitude. Perdi o concerto de Peaches e de San Holo...mas ganhei outros.











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